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sábado, 27 de dezembro de 2008

Quem vai pescar do inferno?

Mar negro que traga pra dentro sem pensar, com pesar. Do som ínfimo nada resta de contínuo. E o 'já basta" vem para destoar o mundo particular e individual. Meu apego, me entrego às lástimas desgraçadas, purpúreas de cheiro acre. Entrego-me à adoração de um eu nojento e armado de vazio. Dos dentes vaza um fel, um lodo de morte que corrói até chegar ao fígado, mas que não mata...pena.

Pensar é uma câmara escura, totalmente preenchida de vazio em escamas colossais. Tudo tão verde-musgo e púrpuro e secreto. Mistério esmeralda, inerente, como aquele cheiro todo particular de ferro misturado com fumaça;Débil cheiro do medo ou da frustração. Doce e hábil cheiro do pecado. Da guarnição.Lazer róseo-dourado. Limite lilás.Fim próspero, metálico. Redenção.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Inconsciente

Vi um copo, uma tigela, uma piscina, tudo se misturava em um, depois em outro. Tudo azul e transparente, cores da calmaria do mar. Virei para trás, ouvi meu nome e dei um passo em falso; caí no azul. Foi tão lento e tão rápido, tudo ao mesmo tempo. Sentia-me pilhado, não queria parar. Atingi o chão, o fundo do azul. Que fundo bruto, parecia concreto de chão. Era concreto de chão. Olhei a volta e não era mais azul, era multidão. Multidão e música. Multidão, música e rostos, rostos loucos e distorcidos. Riam. Do quê? Riam de mim. Riam de como caí num abismo e bati com força no fundo. Riam tanto que doía. Senti uma dor aguda e quente na minha testa. Era sangue. Riam do meu azul vermelho. O meu sangue se misturou com a água do concreto. Senti mãos e braços de puxando. Ouvi um barulho repetitivo. Uma ambulância? Para quê? Em meus dedos detive meu sangue, estanquei o vermelho. Do vermelho saiu verde e senti o cheiro ardente de curativo. Não mais vi apenas rostos; vi amigos preocupados e alguém me perguntando algo ao longe, e tão devagar. Não vi, não senti, não ouvi. Mergulhei em escuridão, mas lá vi redemoinhos de cores. Quando de lá acordei não vi mais copo, não vi mais tigela, não vi mais piscina; vi uma sala branca de hospital, família, amigos e minha cabeça enfaixada. Eu não vi mais nada.

domingo, 21 de dezembro de 2008

O Duende

Você já viu um duende? Não? Eu já. Foi em uma madrugada de novembro, por volta das duas horas da manhã. Estava eu e um amigo sentados no tronco de uma árvore cerrana que fazia parte de um círculo de seis árvores do mesmo tipo; todas tortas e assombrosas e no centro do círculo de árvores havia um poste alto de luz amarelo-fosco. Era a praça de uma dessas quadras de Brasília. Estávamos sentados a apreciar aquela paisagem fantasiosa, parecia uma floresta de contos de fada, quando surgiu um indivíduo a nossa frente correndo a uma velocidade estrondosa. O sujeito era pequeno e curvo, careca com envoltos de cabelo branco aos lados da cabeça; tinha uma barba excepcionalmente longa e tão branca quando o cabelo; o nariz era grande e pontudo e suas orelhas de igual aparência. Trajava uma blusa e um short, ambos azul-marinho e já não me recordo se estava calçado ou não. Acho que não. Corria muito engraçado, as mãos apertadamente fechadas e os braços dobrados, as pernas corriam mais parecendo um andar apreçado e rebolado. Captamos a imagem daquela criatura mística em uma fração de segundo. Piscamos. Quando olhamos de novo, o duende já estava na outra ponta da quadra. Dizem que os duendes correm a uma velocidade estupidamente alta a percorrerem o mundo inteiro em apenas minutos. Se consegui ver aquele homenzinho, de duas, uma: ou o duende estava cansado e corria a uma velocidade menor, ou eu e meu amigo estávamos sob efeito do encanto das árvores e captamos a magia de seus misticismos.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

GLAMOUR [*]

Se me sinto só
Se a agonia é tanta
Se ao menos o xadrez consola
Pés no alto, pernas cruzadas, sensação sonora:

Queria um cheiro amarelo, mas ele me escapa
ele foge, ele foge, não quer ficar aqui.
Mas eu odeio amarelo!
Odeio tanto que preciso...

Odeio muito, o necessário
E o trivial, que se torna cerne,
é a água que me faz mal
É o dia que acaba mal.
É a dor do vazio que me faz mal.

Todos indo através da porta aberta
Todos indo para serem queimados
É absurdo, diante de tanta merda
aceitarem serem, dessa forna submetidos

Minhas respostas condensadas
se resumem ao silêncio
As faltas, as falas e as falsas mentiras
todas tal qual verme impregnadas

Céus, como livrar-me de tamanha melancolia?
A angústia ainda me mata, a cada dia
dilacerando, arrancando os pedaços
E você, ser invisivel, o que fazes?

Grita?
Chora?
Condena?

Não, você é um ser invisível, não é mesmo?
Então você se camufla.
Pois então.

Camufla-se
Arruina-se
E se faça mestre.

Meu sentir sintético
Meus textos sintéticos,
Minha dor e sofrimento tão patéticos
E minha vida que não é verdade.

O tudo reflete o pouco.
O pouco reflete o nada.
E,ainda assim, sigo vivendo
sem ardor senão lascívia
derramando o sangue
deteriorando os sentimentos

A invisibilidade que tanje a dor
o morrer a cada dia
pedaço a pedaço
parte a parte
tão ultrajante...
tão revelador...


Cordas que jamais se desamarram
Por que tudo isso?
E o poder
Tão humilhante...
Tão revelador...
Pois então que acabe logo.
Que acabe todas as mágoas e dissabores.
Que, enfim, encerrem-se em si, todos os meus horrores.

[*]É o nome dado a uma magia de disfarce, para passar despercebido.